18 de dez. de 2010

Demônio


   Muito tem se falado sobre Demônio e mais um possível erro de Shyamalan. Não assisti ao filme no cinema, porque na minha cidade não tá passado, mas vi esta semana pela internet. Li algumas críticas sobre o filme e a maior parte delas falam mal tanto do longa como de Shyamalan, que assina este filme como produtor. Não achei o filme ruim, de verdade. Claro, há algumas partes que a narrativa beira ao ridículo, além de forçar algumas conclusões, mas no geral, Demônio é bem construído e leva o espectador a questionar sobre todos os passageiros do elevador, para tentar resolver a trama.

   Vamos começar pelo começo, sem trocadilhos. Admito que a abertura do filme, apesar de longa, é intrigante. Aliás, acho que aberturas longas são uma espécie de assinatura de Shyamalan, basta lembrar Sinais ou Fim dos Tempos e dos quase 5 minutos só de abertura. Pelo menos em Demônio, a vista de uma cidade -não sei bem qual- de ponta cabeça serve para passar o tempo. Intrigante também é o fato da narrativa ter mais voltas do que um carretel de linha. Partes importantes são esquecidos logo enquanto algumas nem tão importante são sucessivamente trabalhadas.
   O filme fala sobre cinco pessoas que vão à um prédio e acabam subindo pelo mesmo elevador. Daí pra frente a coisa desanda, piora, melhora, e assim vai indo até o final do filme. Dentre os cinco personagens, o guarda é o mais estereotipado, e não fui muito com a interpretação do ator. Creio que este seja o erro central do filme. Shyamalan tinha um oportunidade ótima de trabalhar cada personagem separadamente, criando uma trama mais completa, mais tátil. Mas decide por matar 3 das cinco pessoas e começar um rascunho sobre a vida dos personagens próximo ao final do filme.


   O ponto alto do filme, ironicamente falando, é a Lei de Murphy transformada em algo demoníaco. Para quem não sabe: A Lei de Murphy diz que se algo pode dar errado, dará, e da maneira que cause o maior dano possível. Exemplos dessa lei são fartos, como todos os semáforos fechados quando você está atrasado ou o telefone tocar enquanto está no banho e logo depois de você sair do banho e estar próximo, ele para de tocar. Também há objetos de valor rolando para debaixo de móveis. E sempre tem uma "equação" para isso: quanto mais valioso (sentimental ou economicamente), mais pesado será o móvel para onde o objeto vai. O clássico da Lei de Murphy é o pão cair com o recheio para baixo. Mas em Demônio, isso acontece porque o diabo está próximo, ou seja, há 50% de chance dele estar próximo de você agora. É, não vire ou olhe para trás, ele pode estar aí...
   Se a destruição moral da Lei de Murphy é no mínimo estranha, pelo menos serve para dar alguns risadas. Outras são trágicas por si só, como o estereotipado guarda latino que é extremamente religioso e que é o único que sabe a real verdade por trás do acidente no elevador. Se Shyamalan não gosta de ser estereotipado por ser indiano, então não deveria fazer o mesmo com latinos, já que na mente americana todo latino, principalmente mexicanos, são extremamente religiosos.


   Falando da Índia, parece que Shyamalan tem uma necessidade doentia em ter indianos em seus filmes, praticamente força isso. Sim, os indianos são bem talentosos, especialmente por terem Bollywood e tal. Mas Shyamalan "força a barra". Antes pensei que fosse algo como Hittcock, que sempre fazia um "bico" em seus próprios filmes. Mas agora vejo que Shyamalan queria mesmo é inserir os indianos em Hollywood, da forma mais pessoal possível.
   Em resumo, Demônio não é ruim, mas também não é bom. Apesar de ter uma história interessante, a mesma não é trabalhada completamente, causando vários furos no enredo. Shyamalan está perdendo seu jeito, o que me deixa decepcionado.


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